Por mais que o post anterior deixou claro que jornal não é somente o jornal impresso, não podemos negar a importância da informação escrita no papel na história da comunicação. Registrar conteúdo e divulgá-lo, através de uma substância que pode fixar a escrita, foi um grande avanço não só para a comunicação, mas também para a história da humanidade.
Para entendermos a importância do papel, temos que conhecer sua evolução, pois é a partir dela que entenderemos a influência dessa substância na nossa sociedade.
O papiro foi o primeiro elemento que fixa a escrita que se tem notícia. Utilizado pelos egípcios, e feito de origem vegetal, era de fácil transporte a tal ponto que mercadores da Ásia levaram à Europa sua utilização. Na história do papiro, que repercutirá no pergaminho, já se nota a forte influência política que o registro de conhecimento têm na sociedade: Rei Êumenes II, de Pérgamo (atual parte da Turquia), no segundo século antes de Cristo, tentou atrair para o seu reino o principal poeta da Biblioteca de Alexandria, pois queria desenvolver um grande centro de conhecimento sob seus domínios. O faraó do Egito, para não perder a supremacia de sua biblioteca, bloqueou através da proibição do comércio de papiro esta tentativa. Com a falta do papiro, Êumenes II desenvolveu a escrita em um pedaço de pele de animal – o chamado pergaminho.
Embora o fato anterior é considerado lenda, a verdade que se tem é que o pergaminho foi aprimorado na cidade de Pérgamo, a ponto de ser o único material de escrita utilizado a partir do século VII, devido ao bloqueio árabe do Mediterrâneo que extinguiu o comércio de papiro. Feito de pele de animal, geralmente de carneiro, curtido e polido, o pergaminho foi tão aceito pela sociedade, que por mais que seu custo era mais elevado, barrou, inicialmente, a utilização do papel na Europa. O papel, quando feito totalmente de linho,não tinha custo benefício comparado com o pergaminho. Mas o que realmente fez com que o pergaminho ainda persistisse foi o preconceito criado pelos europeus contra o papel, sustentado pelo argumento de que o papel era mais frágil e que seria imprudência registrar documentos importantes em uma folha de papel. O que estava também implícito ali é que o papel era feito pelas mãos dos árabes e dos judeus, os maiores inimigos de uma Europa totalmente Cristã.
Enfim,chegamos a origem do elemento que tem principal papel de registro escrito na nossa sociedade: o papel. Oficialmente, a fabricação teve origem na China, por Tsai-Loun, funcionário encarregado das manufaturas reais do Imperador da época (105 d. C). Resultando de um processo químico, no qual se dissolve a lignina existente na planta para libertar as fibras de celulose, o papel teve sua utilização difundida rapidamente no Oriente, mas o método de sua fabricação foi transmitido lentamente, pois, novamente, quem detinha a manufatura em suas mãos obtinha prestígio e poder.
A propagação do papel no Ocidente foi da mesma forma que no Oriente: primeiro veio seu comércio; depois a sua fabricação. Como citado anteriormente, sua entrada na Europa causou estranhamento no inicio por diversos fatores, entretanto seu uso persiste por todos esses tempos devido a sua supremacia na fabricação, uso e transporte. Na simples história do papel, vemos a influencia dos fatores políticos, geográficos, econômicos e religiosos, que também marcam presença na história da comunicação e, principalmente, na história de nossa sociedade.
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